BANDEIRA NACIONAL ATUALIZADA
A obra Bandeira Nacional Atualizada nasce junto ao resultado da eleição presidencial de 2018 no Brasil, onde Jair Bolsonaro é eleito. A materialidade da obra está relacionada a complexas questões ambientais e humanas do cenário brasileiro, principalmente ao crime ambiental ocorrido em Mariana, por parte das empresas de mineração Vale e Samarco. Várias cidades foram devastadas por uma lama tóxica de rejeitos de minério devido ao rompimento da barragem de contenção. A obra busca a criação de um símbolo nacional que evidencie o real estado do território, e assim, possa ser isca para ampliação de uma revolta coletiva.
Quando criei essa obra propus a mim mesma a tiragem de uma para cada brasileiro , e prometi que faria essa bandeira para todas as pessoas que a desejassem durante o período de 4 anos. Ao final desses quatro anos encerrei o trabalho com a ação Ladainha, que consistia na distribuição gratuita de 440 bandeiras no MAM- Rio. Ladainha foi uma reza coletiva para a natureza.
A Bandeira Nacional Atualizada foi um trabalho com o qual eu produzi uma zona fictícia para a minha ideia de justiça, meu interesse era produzir uma obra que pudesse se repetir em muitas casas, que muitas pessoas pudessem ter, então esse foi um trabalho que eu movimentei fora do valor de mercado que meus trabalhos possuem. No Brasil, vendi essa obra no valor de 50 reais até 350 reais, e esse valor tão baixo possibilitou que pessoas de todas as camadas sociais pudessem ter acesso a bandeira.
Uma outra ação que foi importante para mim foi que com essa bandeira pude igualar o valor das moedas do mundo. Quando pessoas de outros países demonstraram interesse em comprar a bandeira no momento que eu estava vendendo por 350 reais, vendi 3 bandeiras para pessoas de Portugal pelo valor de 350 euros cada, e vendi para uma pessoa da África do Sul no valor de 350 rands. Se outras pessoas de outras regiões do mundo demonstrassem interesse em ter a bandeira, eu venderia por 350 da moeda do país a qual a pessoa pertencesse. Pesos, libras, cedis, euros, reais, rands, meticais, dólares ou Dihans, o importante foi que nesse momento, dentro da ficção do meu trabalho, todas as pessoas do mundo tinham o mesmo poder financeiro, e o roubo que alguns países operaram sobre as riquezas de outros não conferia a estes um maior poder.